A secularização empreendida na modernidade deixou rastros para a contemporaneidade, pois fez referência ao processo gradual de abandono dos paradigmas tradicionais que se apoiavam na religiosidade. Esse processo está relacionado com o surgimento de um modo de vida que não é mais estruturado na visão firmada em hábitos religiosos. Tratou-se, portanto, da separação dos âmbitos culturais ligados às crenças das demais estruturas da vida social, política, econômica e legislativa. Ainda na primeira metade do século XX, ocorreram processos de massificação social e de democratização dos Estados.

Para o filósofo Weber, o processo de secularização reduziu grande parte da vida social à lógica racional. A modernidade construiu-se em meio aos conflitos ideológicos da razão objetiva instrumental, utilizou-se da racionalidade como ferramenta de abordagem aos problemas e questões do pensamento humano e de sua realidade, levando o sujeito a abandonar progressivamente suas crenças por meio de um processo de desencantamento do mundo, de crise das religiões, de autonomia do sujeito, de liberdade de escolhas religiosas e de construção de uma ética própria. O processo de secularização relaciona-se, assim, com a construção do mundo moderno, com a queda das teocracias e o surgimento de novos modelos de instituições modernas, considerando que o pensamento moderno estruturou-se de diversas formas, construindo novas formas de diálogo entre a razão e a fé.

É indiscutível que sociedades globalizadas apresentam nítida passagem do pensamento religioso ao pensamento científico, o que tem caracterizado essas sociedades e gerado inúmeras discussões, em especial no campo religioso. Também é de conhecimento social que existem muitos conflitos de fundamentalismos religiosos entre religiões tradicionais e o movimento pentecostal em ascensão no Brasil, assim como disputas por espaço nos campos público e político. O que justifica essa disputa é, exatamente, a ascensão das igrejas evangélicas do movimento pentecostal em um período em que o catolicismo era reconhecido, no Brasil, como a religião oficial do Estado.

É possível perceber que essa disputa gera uma crise religiosa, em especial nos séculos XX e XXI, sobretudo com o avanço das descobertas científicas e com o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação e informação. Em meio a tantas transformações, cabe a pergunta: qual é o espaço da religião nesse novo universo social, assim como dos ritos, celebrações e rituais? Também cabe a reflexão sobre a possibilidade de diálogo entre fé e razão e sobre se esses novos espaços e características adotados nos rituais, antes considerados apenas religiosos, invalidam a existência das religiões no contexto urbano.

Neste curso online, você compreenderá como se deu a crise das religiões universalistas entre os séculos XX e XXI. Entenderá a disputa pelo espaço social e político por parte das instituições religiosas e verá as possibilidades de diálogo entre razão e fé. Além disso, você verá um apanhado histórico do movimento pentecostal e sua expansão no Brasil, o que, com o passar do tempo, incluiu a religião evangélica no campo público e político, fazendo uma mescla entre ritos, rituais, celebrações e vida pública, levando os ritos religiosos para fora das paredes do templo/igreja.

O Curso Online Religião na Atualidade: Crises e Pentecostalismo é voltado para profissionais e estudantes de Ciências da Religião, Filosofia e áreas relacionadas, além de interessados no assunto.

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