Escrever sobre o passado é um desafio que se reinventa incondicionalmente na sociedade. Alguns teóricos dizem que o passado é muito mais influenciado pelo presente de quem o representa do que propriamente pelo que as fontes realmente apontam. A subjetividade da análise historiográfica, as "guerras" de narrativas e as "guerras" de passado são constantes no metiê dos historiadores, principalmente no contexto brasileiro.

A historiografia do Brasil Colonial é complexa, não há consensos e muitas vertentes foram construídas entre os séculos XIX, XX e XXI. Esse tema cada vez mais se fragmenta em novas áreas, como, por exemplo, o foco nos indígenas brasileiros, novas perspectivas de análise para a escravidão, com ênfase na cultura afro-brasileira, as infinitas possibilidades que a história cultural proporciona, além da história das mentalidades, compreendendo o âmago da estrutura social da época, e a tradicional história econômica, com suas inúmeras conexões conjecturais, relacionadas ao advento da modernidade no mundo.

A historiadora Lúcia Maria Paschoal Guimarães (2010), recuperando a interpretação sobre a vinda da família real para o Brasil, realizada ainda no século XIX, pelo historiador Francisco Adolfo de Varnhagen, afirmou que, “para a história do Brasil, a vinda da Corte simboliza o limiar de uma nova era, ao passo que, para a de Portugal, traduz o começo da derrocada do Império luso-brasileiro, o que no fundo significa uma perda – a da Terra de Santa Cruz, a joia mais preciosa da Coroa dos Bragança” (GUIMARÃES, 2010, p. 71-72).

A percepção do historiador do século XIX, recuperada por Lúcia Guimarães, pode ser utilizada para fazer referência à pluralidade de leituras existentes na historiografia brasileira a respeito dos acontecimentos de 1808. Essas diferentes interpretações, que trazem consigo as marcas de seus autores e de suas conjunturas de elaboração, ficaram ainda mais evidentes em 2008, na celebração dos 200 anos do episódio em questão, com inúmeras obras lançadas e artigos publicados.

Neste curso online, você vai conhecer a historiografia positivista que aborda o Brasil Colonial, bem como os aspectos sociais do período, abordados pela historiografia de base cultural. Compreenderá as estruturas econômicas do período colonial brasileiro, apresentadas pela historiografia de base marxista. Além disso, você conhecerá as primeiras abordagens historiográficas realizadas sobre a transferência da corte e suas vinculações intelectuais com as concepções de história hegemônicas no século XIX. Estudará as análises que enfatizaram as mudanças culturais ocorridas com a vinda da família real e o processo da vivência de uma sociedade de corte nos trópicos. Por fim, analisará as abordagens marxistas, que destacaram os aspectos econômicos de 1808 e os conflitos sociais existentes no território colonial.

Bons estudos.

O Curso Online Historiografia da Vinda da Família Real ao Brasil /b> é voltado para profissionais e estudantes de História e áreas relacionadas, além de interessados no assunto.

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